domingo, 12 de janeiro de 2014

TANTO QUANTO JÁ VIRAM OS AMANTES

Eu vi o tempo que matava os homens
Eu vi os amores que matavam os homens
Eu vi homens, que matavam por comida,
Justamente, pois tinham fome.
Eu vi homens que matavam por suas crenças,
Quase que individuais.
Quem haveria de jugá-los?
Se partilhavam todos do mesmo sentimento?
Eu vi homens que matavam por amores, e iam além, morriam por amores.
Não eram eles, senão, heróis de si próprios.
Não eram eles, senão, amantes comuns.
Eu vi, as mais estranhas formas de amar;
Desde amores submissos, a amores cruéis,
A amores confidentes, à amores infiéis.
Mas todas estas formas eram amores,
Pois não há amor que seja totalmente destituído de ódio,
Tão pouco, o contrário acontece.
O que eu não vi, foram homens que nunca amaram,
Quem nunca se utilizasse desta invenção.
Vi, no entanto, aos montes, homens que fingiam não amar.
Tolos!
Pensaram eles, que haveria neste ato, vantagem que fosse.
Viveram, amaram mais que todos e, nunca viveram de fato.
Eu vi homens que buscaram o amor a vida toda,
Nunca encontram, pois na verdade, amavam eles a busca.
Eu vi o tempo que passou e que há de passar mais um pouco.
Por sorte, ainda há tempo, de ver tanto quanto já viram os amantes.

 Samuel Ivani.