domingo, 26 de janeiro de 2014

The secret

Dizem que depois ou durante uma experiência traumática, as atividades cerebrais dos humanos aumentam exponencialmente,  fazendo o indivíduo atingir a mais profunda compreensão  da vida e seu sentido. Partindo deste princípio, tentarei criar qualquer coisa agora para testar estas teorias. Não creio que sairá grande coisa, mas não há de me custar muito tentar:

- Nunca mais dormirei: dizem que dormir é desperdício de vida.
- Mas é só nos sonhos que posso ser quem eu sou.
- Mas vós podeis sonhar acordado! Dizia ele: o homem  sem olhos.
- Nunca mais ouvirei aquela música. Sabe aquela? Aquela que me faz lembrar...
- Mas vós podeis cantar,  talvez sem perceber, não importa. Dizia ele: o homem sem ouvidos.
- E principalmente,  nunca mais direi o que devia dizer, eles não ouvem, não compreendem o que digo.  
- Maravilha!  Assim, vós podeis ouvir mais, se aprende muito ouvindo. Pensava ele: o homem sem língua, sem pernas e braços.  
- Nunca mais lembrarei, pois não preciso.  Há muitas verdades no recordar e dói...  
- Mas vós podeis inventar sempre, há tanto colorido no criar. Dizia ele: o homem sem memória.
- Nunca mais perdoarei. Descobri que o perdão válido é apenas aquele em que  perdoas a ti mesmo.  E quem se conhece, não encontra motivos para si perdoar.
- Mas vós podeis amar. Não há mal nem um. Dizia ele: o homem sem crimes.
- Não! Deveras, também nunca mais amarei.  
- Isso... Não ame!  Amar é inútil. Disse ela: a pessoa que eu amei e que me amou profundamente, mas nunca fora boa nesses negócios de amar.
 - E também não mais tentarei encontrar ninguém. Cansa sabia? E também não vou mudar. Aquelas pessoas que me conhecem, que busquem se reinventar sempre, que busquem sempre novidades em si próprias, para que eu não repugne ninguém com o tempo. Dizia ele: o homem que não se conhecia.
- Bom! Pois eu amarei até o mundo acabar... Dizia o homem no seu último dia de vida.
- Bom mesmo! Dizia um personagem insignificante ao longe: - Era podermos vender aquilo que não temos e mais sentimos falta, pois não há nada no mundo que temos mais compreensão do que estas coisas.
- Vendemos silêncio então? Indagava-o: o homem que falava pelos os cotovelos.
Não! És louco? Que vendamos palavras. Dizia o homem que pouco dizia.
- Eu não compreendo... Eu não vejo, não falo, não ouço, e principalmente nada digo. Apenas caminho, sei para onde vou, mas não ligo. Sempre chego, no entanto, no final, pouco noto que caminhei. Repito o mesmo caminho sempre, e todo dia é uma nova luta. E todo dia, noto coisas diferentes. Mas sabe o que mais faço; busco obstáculos onde não há, apenas para fazer minha caminhada sempre diferente, porém o caminho é sempre o mesmo. E estes que tanto dizem, tanto compreendem, tanto buscam compreender, não notam que o caminho é sempre o mesmo. Contar-lhe hei o segredo da vida: o caminho é sempre o mesmo.

SAMUEL IVANI.