quinta-feira, 12 de junho de 2014

No Valentine's day

Dia dos namorados, esse texto há de servir para lembrar dos nossos atos na adolescência. Daquele primeiro amor, e das suas estratégias simples para exercer um amor de todo o sentido... 

Amor adolescente 


Engraçado como os toques não tocados nos tocam tanto. O quanto na adolescência ou em qualquer outra faixa etária da vida os pequenos gestos nos tornam humanos bobos, mas felizes.

Mais especificamente na adolescência, acontece a melhor das sensações;
Como em um curto espaço de tempo, em algum momento da vida, em que a pessoa que encheu seus sonhos de contos de fadas, durante muito tempo, senta-se do seu lado na igreja, ou no ônibus, enfim, em qualquer lugar.  Dai você olha pra ela, apenas com os olhos, sem girar o pescoço. O seu coração bate forte por sentir a melhor sensação que existe;  a de sonhar noites e noites com uma princesa em meio ao perigo de ser raptada por mal feitores e você, heroicamente, surge e a salva em um cavalo branco imponente.  Depois de sonhar tanto, você a olha de relance sem que ela perceba, então vem aquela sensação, de que aquela princesa de contos de fadas, é real,  que ela existe.  É essa  hora em que o ser humano se aproxima ao máximo de um mundo mágico.  E não existe sensação mais gratificante que essa.
Então, suas vestes naturalmente tocam nas dela. Você sente como se ela estivesse em seus braços entregue a um amor surreal que criou em sua mente.
 Nem de longe esse amor se encontra na mente dela também, mas você não se importa, o importante é que ela estar do seu lado. Você então,  sorrateiramente, mexe o  braço e roça no dela. A sensação é como se estivesse fazendo um carinho com trezentas pretensões adicionais, então você curva o canto da boca, disfarçadamente, na tentativa de conter um sorriso que não quer ser contido.
Então coloca a sua mão sobre o banco,  na tentativa de encostar na dela, porém, você tem medo de chegar muito perto e ela perceba que quer tocá-la e então tirar a mão, e você então, vir a experimentar a pior das sensações: a rejeição 
Você prefere um sonhar solitário, sem que ela perceba, para não destruir seus sonhos surreais e perder aquele momento mágico.  
Eis que, mesmo inseguro, você aproxima a mão mais um pouco, sem nem mesmo respirar. O menor gesto brusco poderia proporcionar uma decepção terrível. Mas você, utilizando apenas os dedos, como um impulsionador da mão, como se só seus dedos quisessem tocá-la, e você não.  (Esta é uma forma de fugir da responsabilidade e diminuir a decepção com a rejeição inevitável) Você então chega ao  limite; chega o mais próximo que consegue chegar das mãos da sua amada. Dai sente como se os pelos de sua mão estivessem encostando a mão dela, sente até o calor da sua pele. Mas é só ilusão,  na verdade está longe de encostar, porém você sente algo tão forte que é como se estivesse de veras tocando nela. 
Então seu  tempo do lado dela acaba, e você fica com outra das piores sensações gerada pela  a dúvida. Você fica se odiando,  por não ter tentado encostar na mão dela de verdade. Ai vem aqueles  questionamentos:
-De repente ela não teria tirado a mão?  Mas se ela tirasse?  Eu, ao certo, não iria suportar a sensação do desprezo da pessoa que amo.   
Em sua mente, o ato de tirar a mão seria o mesmo se ela chutasse o seu corpo no chão sem forças, e ainda cuspisse  na sua cara, com uma expressão de nojo.  É assim que você sente a rejeição na adolescência.
 Por sorte, quando isso acontece,  a sensação só dura trinta segundos, depois você volta a amá-la intensamente, mais até do que antes, pois na adolescência, vivemos só os segundos presentes.  
É tão enriquecedor as experiencias da adolescência, seria bom se todos aprendessem com elas e as guardassem para sempre... Seríamos com certeza, pessoas melhores e mais felizes. 
SAMUEL IVANI.