quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Deem-me um terno


 


Deem-me um terno 



De que me serve essa espada que carrego?
Se maior que ela, é essa covardia,
Esse deserto que sossega e descansa em mim?
De que me serve todas as lanças,
Flechas, arcos de boa qualidade,
Se não tenho quase inimigos?
Melhor seria que  fossem de cetim. 

De que me adianta essa mente de Napoleão,
Se vivo em tempos estranhos
 Donde  cada metro esquecido
Tem ao menos três reis que são amigos entre si.
Não há mais guerras!
Se há, são escondidas.
Guerras frias.
Ainda morre muita gente, 
mas não oficialmente. 

Eu que carrego a mente de um louco,
De  um gênio em outros tempos
Sou pelo o mundo esquecido
Feito um mendigo, sujo,
Perturbado, impuro,
Que profere impropérios aos deuses
E só pelo o fato de não vestir roupas limpas
Não sou líder de uma igreja.


Eu, que amo, que sinto,
Que choro com os problemas do mundo,
Sou um louco vagabundo
Que grita, mas não sabe o que diz.
Se ao menos eu tivesse um terno,
Mas não tenho.  

Samuel Ivani