quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Deserto



Deserto

Estou perdido. Não que seja uma perdição de não ter volta. Estou perdido porque arranquei de mim o meu norte. Porque haveria eu de culpar alguém? Fora eu, que no deserto, optei ir  em direção contrária ao oásis que me salvaria.   
Haveria eu de me culpar também por isso? 

Ora, os homens precisam decidir-se e,  nem sempre escolhem o caminho certo. É a regra da vida. Existem as escolhas e só. Não me culparei. Se tiver que culpar alguém, culpo a ti, que se encontra ai, lendo. 

Só pedi que imaginasse dragões. É o que o mundo sempre exigiu também. Mundo esquisito este; aqueles que mais amam, não vivem seus amores. Optam por viver amores pequenos, quando poderia viver uma história de cinema. 

Quem é que quer viver um amor de cinema também? 

A realidade é sempre mais árdua. Os amores são mesquinhos mesmo. Não adianta buscar contos de fadas. O amor é essa coisa pequena que a gente sente como se fosse um universo. É aquilo que sentimos por alguém que nos tiram as necessidades. Grande coisa o amor!   

Nem pite pra ele!  Sinto-me leve. 

Se ainda amo é por conta de ter aprendido  a viver de lembranças passadas, dos teus cabelos longos. Os cabelos sempre crescem, mas nunca se repetem. Essa é uma  grande verdade. Eu, que sou menor que o amor, vivo tentando ser maior que ele. Quão bobo eu sou. Eu devia mesmo..., eu devia era me calar, que no deserto, falar sempre aumenta a sede. E meu oásis? Quem haverá de saber, aonde se escondeu!  

Samuel Ivani