terça-feira, 6 de junho de 2017

Tão doce e suave




Se o mundo fosse da maneira que imaginei, todos os desejos seriam realizáveis, para que ninguém sofresse com a impossibilidade. Existiria, assim como existe, a necessidade de estar perto, de olhar, de tocar, o tempo todo as pessoas que amamos, mas tudo seria perfeitamente possível. Assim, a saudade seria, não um tormento, mas um alento, devido a espera como uma certeza, e não como um desejo tolo.
Se o mundo fosse como imaginei, seríamos eternamente como crianças; não acumularíamos mágoas, e se escolhêssemos, poderíamos viver só de imaginar, cada um no seu mundo interno, surreal e particular. Assim, todo mundo seria agradável a primeira vista, pois não haveria a necessidade da hipocrisia para agradar um ou outro, já que seríamos auto-suficientes. E se fosse como imaginei, todos teríamos plumas coloridas, assim como pavões, e as guerras seriam apenas para decidir quem exibiria a plumagem mais exuberante. E o vencedor tinha o direito de arrancar todas as penas do derrotado, e ele morreria resfriado pouco tempo depois. Foda-se!

Ás vezes escrevo cada besteira que não condiz com minhas ideias humanas. São tolos aqueles que tentam fugir da humanidade que há em si. Eu poderia escrever milhões de textos utópicos, cheio de belas palavras que agradam aos olhos, mas de que adiantaria? O mundo se encontra ai, competitivo, selecionando os fortes e descartando os fracos. E eu, como o mais fraco e tolo de todos, ficando pra trás.
A vida é uma corrida em que a lebre nunca dorme.
Porém, existem aqueles sonhadores, coitados, que passam a vida esperando que a lebre caia no sono, mas ela nunca adormece, é fato.
O que a gente pode fazer é tentar não disputar a corrida alheia, identificar em qual terreno nos daríamos melhor, quais adversários teríamos chance de vencer, e só entrar numa corrida que poderíamos ser, ao menos um coelho, que se não é tão veloz das pernas, ao menos se reproduz exageradamente.