Vendo uma entrevista de 1989 do grande escritor de Encontro marcado Fernando Sabino, eu compreendi os desafios daqueles que resolvem se aventurar pela o angustiante mundo da literatura. Segundo o autor, trocando correspondência com Mário de Andrade, ele aprendeu muito, inclusive, nessa época foi que ele teve a certeza de que não era um gênio, como mesmo descobre o personagem de o Encontro marcado. Todos um dia descobrem que não passa de alguém “talentosinho”! Eu, em minha presunção, em meu egoísmo de um Zé ninguém, busco, a todo o momento provar ao mundo que sou um gênio, e, por esta razão penso que o mundo comete uma grande injustiça comigo, por não me elevar as alturas, que, por méritos, eu mereceria estar.
Depois de adquirir a sabedoria
que essa lição poderia me repassar e, que de fato, repassou, embora ainda eu
não queira descer de minhas convicções e tomar por um caminho comum a todos os
reles mortais. Eu aprendi, mas não me convenci. Não! Sou presunçoso demais para
isso. Esse talvez não seja um aprendizado útil, já que saber disso não muda o
meu jeito de ser. Não posso, pois não sei fazer outra coisa, além de fisgar as
palavras que se encontram pairando no ar, cujo qualquer um também poderia
fazer. Eu não sei por que ainda me sinto especial, pois se as palavras livres a
qualquer um para juntá-las e alimentar-se delas, eu por este fato simples, sinto-me
como se tivesse um rei na barriga. Eu deveria diminuir a nada as minhas linhas
escritas, e só retornar a escrever aos quarenta anos, que é quando o homem
atinge respeito suficiente para ser visto por suas ideias. Os jovens
respeitados são aqueles que já morreram, pois eles não podem contestar o que já
disseram. Eu, ainda vivo, posso mudar de ideia. Ou seja, minha obra está incompleta, e por eu ter ainda a chance de
mudar qualquer coisa, ainda não sou digno de ser aclamado como qualquer
coisa. Droga, mas não consigo.
Embora eu devesse mudar de ideia, continuo convicto de tudo, e ainda não me dei conta que não passo de alguém sem talento algum.
Eu devia me conformar que não passo de um biscoiteiro e que, jamais, construirei uma piramide, mas se tenho a certeza que possuo todas as pedras para construir uma piramide, que posso eu fazer a respeito.
Eu devia me conformar que não passo de um biscoiteiro e que, jamais, construirei uma piramide, mas se tenho a certeza que possuo todas as pedras para construir uma piramide, que posso eu fazer a respeito.