sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sempre acreditei ser escritor

"Minha história não segue a ordem da maioria, pois antes mesmo de ler qualquer livro, me veio a mente que havia nascido pra ser escritor."  Devo ter sido, irrefutavelmente, o maior idiota do universo. 

         Eu e meus irmãos no ano de 1995. Minha expressão reflete o quão ardente é o sol do meu querido Ceará


Há algum tempo, pouco  mais que um ano, ocorreu-me que deveria escrever um livro, pois tinha a certeza que eu sempre fora um escritor... Porém, eu nunca sequer tinha lido um livro em toda a minha vida. Definitivamente, eu não era um leitor. Então comecei mesmo sem saber escrever, a estória, cujo intitulei inicialmente “Ação e reação.”Apenas consegui escrever vinte páginas. Como nunca tinha lido livro algum, a escrita estagnou e não consegui continuar. 

Minha gramática era desastrosa..., a pontuação incrivelmente errada, concordância não havia... Enfim: todos os erros que se pode cometer na gramática portuguesa havia nestas vinte páginas cujas eram praticamente ilegíveis. Hoje, quando verifico os originais fico horrorizado. Percebi que se eu queria terminar um livro em minha vida, era preciso ler; tanto para aprender um pouco de gramática, (sei que ainda me encontro longe do razoável neste quesito cujo considero essencial para um escritor) quanto para que as ideias fluíssem.
O enredo eu tinha em minha cabeça, no entanto, não conseguia dá vida ao texto, pois não tinha ideia de estrutura, tão pouco de tempo da narração ou qualquer coisa que o valha... 

Então baixei uns livros, pois não tinha dinheiro para comprar livros físicos,(ainda não tenho) e comecei ler... Primeiro livro que li fora “O quinze” Rachel de Queiroz.  O li em menos de uma hora, e logo que terminei, iniciei “Memórias póstumas de Brás cuba” Machado de Assis. Ao ler estes livros me senti pronto para escrever. Doce ilusão! Iludido ou não, escrevi o livro inteiro motivado pelo fato de ter encontrado um jeito de dá todo o sentido ao livro o vivendo na vida real. Eis que, o intitulei de “O escritor de fábulas”.

A ideia era perfeita, eu tinha várias pequenas estórias que nunca conseguia dar continuidade, então as transformei em fábulas e comecei testá-las em minha vida cotidiana. Deste modo, todo dia tinha o que escrever e rapidinho o terminei. Ansioso e crente em minha obra prima, enviei o original para várias editoras com a certeza que logo minha genialidade seria reconhecida. Mais uma doce ilusão! Eu não sabia o mínimo de gramática, portanto, não sabia reconhecer os erros. Então sem resposta, resolvi corrigi-lo, pois eu pensei que era devido aos erros gramaticais que eu não havia recebido resposta. 
Sequer conhecia o mercado editorial. Eu era um cara que acreditava ser escritor vivendo mentalmente em uma época em que se dava um valor enorme aos escritores e intelectuais que era o século XIX e outros antes deste; eu estava vivendo a época que lia em meus livros e crente que obteria o mesmo êxito dos personagens dos livros de literatura clássica. Então dei uma corrigida de leve, da maneira como conseguia, e pensei que daquela vez eu receberia várias repostas. De fato recebi, no entanto, na maioria eu precisava investir uma quantia para que meu sonho se realizasse, porém, eu não tinha dinheiro. Eis que um dia qualquer, depois de muito esperar, recebi uma proposta cujo não tinha que pagar nada pela publicação. Fiquei super feliz, eu tinha apenas que arranjar um revisor para meu texto. 

Fato foi que, depois que eu recebi o contrato e assinei, eu busquei alguém para revisar o texto, mas as pessoas que pedi não se prontificaram a ajudar. Bem, não obtendo ajuda, resolvi que eu mesmo ia revisar, eu já tinha lido uns quinze livros, já compreendia um pouco mais de gramática. Esta Fora mais uma doce ilusão... Fato foi que, fiz uma breve revisão e enviei o texto para a editora imprimir. Daí, depois de um bom tempo, o livro finalmente saiu cheio de erros grotescos. 
Enfim, O escritor de fábulas é um livro inspirado unicamente na vida ouvida e vista, sem influências de outros livros. É um livro inspirado no instinto humano puro. Assim como um leigo cria coisas extraordinários, sem professor ou coisa do tipo, apenas observando, eu observei a vida e escrevi o escritor de fábulas. Sempre acreditei que era um escritor, então escrevi um livro diferente, estranho até, em que a versão impressa ainda tem muitos erros de pontuação e é ilegível. O livro possui uma imaturidade literária bem acentuada... Uma obra prima talvez ele nunca seja, mas nunca dantes fora escrito algo tão humano em sua forma rústica e sincera, sem o eufemismo e hipocrisia inerente a vida em sociedade. Quanto ao vocabulário do livro, ele é bem rico, pois ouvindo é que se aprende a falar... Ao ler o escritor de fábulas, é possível que se compreenda o homem em sua essência, pois todas as teorias descritas nele partem do homem como um ser animal que busca a perpetuação da espécie, como todo ser vivo na natureza. 
“ É no mais profundo recôndito da mente do homem, onde ele é menos racional, que se encontra a chave para a sua compreensão.”

O escritor de fábulas é mais um artesanato do que propriamente um texto escrito, o confeccionei a partir de meus conhecimentos empíricos adquiridos em anos de observação da vida humana. Espero que as vidas que se sentirem dentro do livro me perdoe por ser tão presunçoso, por ser tão verdadeiro em alguns momentos do livro. “Veneramos a verdade, mas a omissão desta verdade é o que nos matem juntos”. Aqueles que o leram, e que ainda há um pouco de humanidade pura e verdadeira em sua mente, irá aprender muito com ele. De qualquer maneira, quem o ler, será personagem da história, querendo, ou não. 

Aos meus amigos, pelo os quais tenho um carinho enorme, eu peço desculpa se alguma coisa no livro vier a machucá-los, pois foi intencional, mas lhes garanto que é pura ficção. E mesmo, “O escritor de fábulas” é passado, ele apenas se encontra escrito, não vivo mais suas fábulas na vida real. 

"31/10/2016 Nota: Eles não entenderam. O livro, precursor de meu grande sonho, tornou-se a maior decepção da minha vida. Afastei meus amigos por um tempo, perdi o amor da minha vida. Perdi os amores da minha vida. Hoje não consigo olhar para o livro sem sentir náuseas, sem que queria me desmanchar em prantos, pois me arrependo amargamente por tê-lo escrito. Ele não é nada disso descrito acima, ele é simplesmente a fórmula pra um homem se desconstruir, pois sozinho, ninguém existe.  Eu fiquei sozinho. Fiz promessas que jamais poderei cumprir e só tenho mais um ano."  I want desapear 

Há muito tempo, quando assisti ao filme “A procura da felicidade” e ouvi a seguinte frase: “Esta parte da minha vida, esta pequena parte, chama-se felicidade” Eu prometi pra mim mesmo, que um dia iria dizê-la também, e não seria apenas repetição de uma frase simples, e sim, que ela iria fazer todo sentindo para mim. Então eu imaginei que o dia que eu poderia deixar fluir esta frase de todo sentido pra mim, seria no dia que eu me encontrasse com o livro impresso. E não foi! Percebi que esta felicidade só será atingida quando eu me for e eu irei.  Pois a felicidade, por mais que a vinculemos com algo material, ela sempre parte das pessoas que amamos. Ainda não pude dizer a frase, mas quem sabe um dia! 

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