segunda-feira, 11 de abril de 2016

Uma historinha de amor

                                                                 Cândido Portinari 


Contar-lhes hei uma história de amor;
Uma bem comum, daquelas que se ver em toda esquina.
Uma história simples, de duas pessoas que
não tinham nada de especial;
Dois meninos que cresceram com o tempo
e com as curvas que o mundo ensina.

Eram eles filhos da terra,
Nascidos e criados até então do sol,
Dos grãos secos, das árduas lutas diárias,
das folhas da vida, das mãos calejadas dos pais
e dos próprios sorrisos infantis,
Típicos de crianças cujas independentes de tudo
 Não notam a vida com seus ardis.

Na adolescência, idade das andanças,
da busca normal pela vida,
Cheios de pouca esperanças, se viram...
Não era um dia especial
Não tinha cores diferentes nos ares
Não havia flores, música clássica, nada.
Era um dia como outro qualquer
Típicos desses onde nasce o amor
Que todos nós bem sabemos de onde é! 

Eles também não eram atraentes coisíssima nenhuma
Ao menos no sofisticado padrão que conhecemos;
Uma menina de braços finos
extremidades dos ossos acentuadas
devido a desnutrição dos tempos passados
Tinha cabelos maltratados,
 olhos grandes e um sorriso
cujo sempre carregava consigo.

O pobre menino, com vestes maltratadas pelo tempo
passava embaraçado numa bicicleta enferrujada.
Se olharam de soslaio
A menina para fugir do embaraço
profere um tapinha na amiga do lado e,
saem correndo uma atrás da outra
Com aquele charme corriqueiro
de quem sabe que está sendo observada. 

Noutro dia comum, de propósito,
Saíram os dois no mesmo horário.
O rapaz banhado, cabelos bem penteados,
Um desodorante barato e uma camisa
 que ganhara dos parentes de São Paulo.
Caminhava ele com o vigor que lhe propiciava um
par de sandálias que comprara na festa da padroeira da cidade e
alguns centavos que tremiam no bolso do dia de trabalho
E além disso, o amor...

A menina caminhava igualzinha ao dia anterior
com aquele sorriso, aquele rebolado lindo.
Olharam-se de fininho! Mais um olhar 
mais uma vez... outro e, de repente,
se entenderam...
Tal qual o amor nasce na gente
Neles também não foi diferente.
Ele oferecera à amiga uma bala
como quem dizia que ela pouco importava
A amiga aceitou com um olhar apontando pra outra
dizendo com todas as palavras que já tava tudo acertado.

À noite marcaram de se ver na praça
E de fato se viram.
Tudo uma questão de olhar.
Amaram-se escondido por um tempo
Viam-se de manhã, à tarde, à noite...
Depois de um tempo, muito pouco importava
Muito menos as vestes
Essas que pouco utilizavam
Restava apenas o amor e suas juras eternas...

Depois de poucos meses
Como já era de se esperar
A moça engravidara.
Engravidara por que é a lei da vida;
Por que a natureza implorava com
todas as artimanhas possíveis que assim fosse.  
Tiveram que morar juntos no quartinho
na casa dos pais  da menina.
Isso, mesmo com os embaraços
devido o que iriam dizer
as pessoas da sociedade que esperavam
ansiosos para o mesmo destino que lhes espreitava. 
A vida segue graças a isso: 
Esse viver sempre de pessoas que se importam
Porém, que nunca deixam de viver!

Ah, os filhos, um atrás do outro
tiraram  os couros firmes da menina.
Seus olhos, devido à luta perderam um pouco o brilho
Seu sorriso... Bem, pouco importava 
Só via razões nos meninos que cresciam e,
que por inúmeros motivos teriam o mesmo destino.
O amor! Bem, há tempos que se acabara. 

O marido, toda vez que vinha do trabalho
Tomava um trago no bar da esquina
ia pra casa, retornava banhado pro mesmo bar
Nisto, todos os dias
até que o tempo lhe mostrara
Que não tinha escolhas, senão, fugir com a putinha
cujo lhe servia cachaça com tanto carinho
diferente da mãe de seus filhos
que só lhe dava patadas. 

Fugiu ele mais uma vez cheio de amor...
 A mulher ficara com três filhos a ver navios
E o resto, nem precisa imaginar

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