domingo, 30 de agosto de 2015

Profecias




Os anos se passam e vejam: nada!
A minha vida tem sido assim: um grande nada, desde que resolvi viver ao meu modo.
Eu que tenho sido soberbo ao extremo,
Que tenho criado demônios aos montes só pra me sentir vivo,
tenho visto o tempo passar  sem alterações, dia após dia.
Quantos homens no mundo já morreram de espera?
Tantos - eu diria- mais do que se pode contar.     
Eu, no entanto, aguardo, mas lutando.  
Haveria eu de ser, ao menos de vez quando,
o que eu sou em minha mente, mesmo que fosse apenas 
pra esses “ninguéns” que me acompanham.   
Mas não, sou esse “merdinha” de nada o tempo todo,
Incapaz de suster as próprias virtudes
Incapaz de encarar com segurança até o mais reles dos homens.
Eu  não sou alguém!
Minhas vestes, estas mesmas que cobrem minhas vergonhas,
Já estão em processo de decomposição,  
E eu, não posso retornar a condição humana natural,
Pois todos já pecaram, e carecem da glória dos deuses.
Como posso eu viver nesse mundo assim?!
Não posso também contar com o manar que,
 em outros tempos, fora oferecido de graça á homens no deserto. 
Não que eu seja indigno, embora já tenha criado um milhão de bezerros de ouro,
e os tenha adorado incessantemente. 
É que simplesmente, nos tempos de hoje, não diferente do passado,
Qualquer um que carregue essa  legião que há em mim pelo deserto,
simplesmente sucumbe, é natural.  
E os bezerros de ouro sequer me servem de sombra!
Coitados, não me valem mais que um níquel,
pois caminho numa terra sem tavernas.    
Minhas retinas já foram queimadas pelo o sol. 
Eu todo me tornei um câncer e me consumo a partir de mim.
E os tolos que me acompanham
não reparam em tudo que sobra ao redor.  
Milhares de dias eu esperei,
Aqui feito um bobo, que  desaparecessem.
E se foram, todos os anjos, demônios, sem que eu percebesse.
Tornei-me de nada à vazio, no curto espaço.    
Entre todas as profecias, 
Todas as visões,
Eu diria que, desaparecer com os demônios que em mim viviam,
É a mais triste de todas.
Mil corações dilacerados,
Mil histórias contadas pela metade.
Mil sonhos devorados por homens comuns.
Tudo virou pó, por conta que fui pequeno pra compreender
 que temos tempo pra qualquer coisa, pois individualmente somos imortais.
Tanto amor que senti,
Tantas vidas que inventei,
Tantos sonhos que amarguei, naquela certeza baseada em nada,
Que todos eles, um dia se tornariam reais e vejam: nada!
Testemunhem a minha inutilidade meus caros.
Testemunhem um sonhador inútil
tentado ser o que não nasceu pra ser.
Idiota! Eu devia encarar o fato que nunca serei nada!
Eis as lágrimas que me criam folhas verdes no deserto!
Ao menos isso meu Deus! Ao menos isso... 

S.I 

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