sábado, 12 de setembro de 2015

Câncer de amor

                                                       Abaporu  Tarcila do Amaral 

Amanheci com um câncer de laringe, me curei com uma boa conversa e quantidades exageradas de água benta. 
Despertei com um câncer de pulmão, me curei com a certeza de que nunca fui um fumante, e claro, com doses exageradas de água da bica. Acordei com um câncer de estômago e acabei me curando do nada.
Outro dia, anoiteci profundamente melancólico e acabei sarando com um olhar, com um "Oi" de quem me importava. Certa vez anoiteci com o coração partido e, bem..., coitado de mim, desaguei um dilúvio inteiro e até então não me retornaram com um ramo de oliveira avisando-me que eu já podia continuar.  
A gente vive assim, vivendo dos outros e, de nós mesmos, resta-nos apenas morrer; seja de espera, de ilusões, de sonhos, decepções, de saudade. Só vivemos pra amar os outros. Por isso eu amo e vou vivendo assim, morrendo de amor. 

S.I 

Nenhum comentário:

Postar um comentário