domingo, 25 de outubro de 2015

Amanhã



A esta hora da manhã,
Há uma funcionária de uma fábrica qualquer
esperando que chegue meio dia pra comer, com gosto,
o alimento que trouxera de sua casa numa marmita.
A esta hora da manhã,
há em algum lugar, um menino chorando enquanto
espera com um recipiente de plástico
o alimento de todo dia que ao certo não receberá.
A essa hora da manhã,
certamente há um menino gordo que sorrir com um
grande pirulito na mão, cujo conseguira
ao custo de muitas lágrimas e gritos, pois jamais o merecera.
A esta hora da manhã, é certo que há um homem cheio de tudo
que não ver sentido em nada.
Há também um homem feliz que valoriza
demasiadamente os laços com quem o cerca.
A esta hora da manhã
há um homem sob sol escaldante labutando na lavoura
com um sorriso no rosto, cujo salga com o suor que derrama com gosto
pois ao final do dia, terá da mulher magra e castigada
dez minutos de fornicamento selvagem.
Há também um homem triste,
na mesma luta com gosto, pois ao final do dia
ele irá gastar o ordenando diário com algum vício qualquer, cujo este, o destrói rapidamente.
A esta hora da manhã
certamente há um jovem trabalhando contente
pois passado o dia, ele comprará um buquê de flores
que lhe renderá um sorriso da mulher amada.
Em face disto, também há uma mulher ciumenta que corta as vestes
do marido por que sentiu um perfume diferente numa peça qualquer.
Há também uma moça linda, de avental quadriculado, cantando alegremente
enquanto prepara uma torta para a pessoa amada.
A essa hora da manhã, tenha como certo que
há uma adolescente sorrindo enquanto observa a foto
de um cara que supostamente ama.
Há outra, em contra partida, que chora porque não se sente amada por ninguém.
Há também de existir alguém que se sente vazio,
pois tem como certo que não ama ninguém.
A esta hora da manhã,
há um homem que amou tanto na vida
que viu beleza em tantos sorrisos
em tantos cabelos longos e,
os últimos olhos grandes que vira,
os amou também, como tudo que lhe têm sentido.
E este sabe que ainda amará eternamente tantos outros sorrisos e
só por esta razão é feliz.
A esta hora da manhã há tantas vidas vivendo igual
a tantas que conhecemos.



segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Não somos originais nem aqui, nem na China


Estamos vestidos, é preciso nos despir! É preciso tirarmos um pouco de humanidade de nós,  sermos mais animais, mais instintivos. Ora, estamos vivendo no pecado de sermos demasiadamente humanos, (embora o pecado seja uma das vestes mais maltrapilhas criadas por nós) estamos vivendo com toda hipocrisia possível, com todas as regras imagináveis, estamos cobertos de aparência e com o mínimo de essência. Somos frascos com rótulos. Se ao menos cada um fosse fabricante da seu próprio logotipo, mas somos fabricados em série por multinacionais, todos com os mesmos rótulos, e pior, com os mesmos conteúdos, e ainda pior, com as mesmas reações, com os mesmos sonhos.
Somos moldados a partir de um modelo único de sobrevivência garantida, embora essa sobrevivência requeira um pouco de esforço de uns e uma luta sobre-humana de outros, donde os mais fortes sobrevivem, os mais fracos também, mas as custas dos mais fortes ou o contrário. Na verdade, o contrário é o que sempre acontece, embora  o conceito de fraco e forte esteja um pouco destorcido devido a nossa humanidade racional demais. Fortes são aqueles que conseguem viver com o mínimo, da própria natureza, utilizando praticamente o instinto animal, cujo é de onde a natureza reconhece a verdadeira luta. Fracos são os que se aproveitam dos mais fortes (Este é o conceito instintivo, destituído de racionalidade). Tudo na vida humana, resume-se a chegar à um padrão: nos tornarmos iguais, e  mesmo assim, ainda existe aquele "discursinho" de merda que somos únicos. Únicos o caralho! Todos queremos ser igual á alguém que aparentemente obteve sucesso na vida.  Isso é Ser humano!  

Se o sistema em que vivemos de  modelos rotulados em série sucumbisse, poucos sobreviveriam, pois desde o nascimento já nos são inseridos os caminhos que devemos seguir; todos os nossos sonhos, o que devemos ter e o que devemos evitar. Infelizmente temos uma receita "pra sermos alguém na vida" quer negue, quer não. Se essa ordem descarrila, ficamos perdidos.  E a regra suprema do sistema é: não ouse ser diferente, siga os demais, tente ser igual a todos, que tudo vai dar certo. Siga os passos daqueles que conseguiram noutro tempo o que você deseja, afinal, ninguém tem sonhos originais mesmo, só desejamos o que outros já tiveram um dia. Tanto é verdade que os poucos que resolvem escolherem os próprios caminhos ficam a margem da sociedade, são discriminados ao ponto de não serem considerados humanos. Coitados de nós que pensamos que somos únicos, inimitáveis, só temos de único o padrão das impressões digitais e se visto de longe é só um dedo, e como vivemos de aparência, pouco importa. Ai, um individuo pensa que por que tem a liberdade de escolher a profissão pensa que é livre, que não é dominado por um sistema, engana-se completamente, pois o objetivo principal de todos é adquirir fortuna, conseguir um bom parceiro reprodutivo, este, por sua vez, analisa a sua fortuna, constatando que o escolher pode prouver alimento para ele e sua prole o aceita de bom grado, achando também que fez uma escolha livre. Que alienação meus caros! É preciso nos despir, sermos um pouco menos humanos e assim, conquistar a liberdade tão sonhada.  Mentira, não precisamos nos despir não, se tá funcionando, é o correto, nunca estivemos no controle de nada mesmo. Essa é outra verdade que ninguém quer aceitar.  Eu só quero ser igual à alguém!
Liberdade é livrar-se da maldita frase "vencer na vida!" 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Puta que pariu, a gente envelhece



Meu Deus, a gente cresce! E pior ainda, a gente envelhece; fica rabugento, insuportável, perde a graça, cansa fácil de ser a gente e, pior, cansa fácil de ter que agradar os outros, de ser obrigado a ser hipócrita na maioria do tempo. Tudo cansa.
Puta que pariu, a gente envelhece e, amadurece, só que nem sempre. Não devia.
Ora, Peter Pan tinha razão, eu era feliz enquanto criança, não tenho dúvida; era feliz quando os meus maiores medos eram de carro preto e de Chupa cabra. Agora, tenho uns medos tão toscos e sem graça. Pois vejam: tenho medo da realidade,  medo do tempo que passa sem volta. Enquanto criança eu sequer via o tempo passar, hoje tenho medo da morte, que me é tão certa quanto o amanhã, embora a morte possa me tirar o amanhã.
E são medos chatos, pois é duro superá-los sem tempo.  Antes eu tinha medo da escuridão e passava quando cobria o último dedo do pé com o lençol.
 Que saudade do tempo que meu maior medo era ficar de vovó nas brincadeiras de roda. Hoje tenho medo da solidão, de ficar só, afinal, manter as pessoas próximas requer um gasto de energia excessivo.  Sem contar que tem algumas pessoas que dá vontade da gente simplesmente cortar relações mesmo, de mandar pra ponte que partiu sem pensar. Mas hoje não posso mais me utilizar de  um gesto infantil  tão útil que era de separar os dedos do outro com a mão com a promessa de que nunca mais  nos falaríamos.  Embora no dia seguinte, sem mágoa, voltássemos com a mesma amizade, como se nada tivesse acontecido, porque enquanto criança a gente não acumula nada, nem mesmo mágoas.  É aquele "viver" o presente sem grandes preocupações. Quando nos tornamos adultos, uma bola de neve vai se formando e é inevitável que ela machuque alguém e é sempre quem não merece. 

Mas o tempo passa e aquela frase "pra sempre" começa a ser realidade e dói. Enquanto criança "pra sempre" era só a felicidade dos mocinhos no final dos contos de fadas, e mesmo,  essa parte  não nos interessava.  Que saudade que eu tenho do tempo que eu não tinha medo de perder as pessoas para todo o sempre.  
Saudade do tempo que a maior prova de amor era guardar o lugar do outro com a mochila pra garantir que sentaríamos juntos na escola. Saudade do tempo que o melhor presente era um pirulito Pop, cujo lhe rendia um sorriso que o elevava ao paraíso. Era tudo tão simples, tão cheio de cor. Hoje, a maioria das pessoas custam-lhe tempo e suor e, ainda tem a possibilidade das decepções. A felicidade devia custar somente o preço de um sorriso, assim como na infância. Hoje, a maioria dos sorrisos custam a hipocrisia de ambas as partes; um  por fingir que acreditou que são sinceros e a outro pelo esforço de proferi-los sem vontade. 
Saudade do tempo que a mentira que ouvia era que tínhamos vindo no bico da cegonha, ou que o coelhinho da páscoa colocava ovos de chocolate. O tempo passa e as mentiras tornam-se sérias demais e sempre trazem consequências drásticas.  A gente envelhece, mas não devia.