Pintura de Daniel F Gerhartz
Alma gemia! Amor eterno... Tudo asneira.
Se assim não fosse, eu teria fugido contigo naquela viagem,
Embora fosse dentro da mala, eu não me importava.
Se assim não fosse,
Eu teria te beijado aquela vez que te dei carona de
bicicleta.
Ah, e tu terias valsado comigo nos teus quinze anos.
Eterno amor, sei, tudo bagatela...
Se assim não fosse, eu não teria saltado de amor em amor
até te encontrar.
Ou teria te encontrado nas condições ideais,
Em que tu caminhavas com um vestido amarelo numa rua vazia de verão.
Infinito amor, hum, eu mesmo não acredito!
Se assim não fosse, enquanto listávamos nossas preferências,
Eu teria dito que gostava de lasanha, para assim, termos
algo em comum.
Se assim não fosse, eu teria surgido de cavalo branco no teu
casamento,
Te raptado, depois devolvido, só para provar que o que vale é a
escolha...
Bem, não teria feito isso, não haveria essa necessidade.
Se assim fosse, eu teria condições de cumprir minhas
promessas.
Poderia ver os teus cabelos negros a bailar ao sabor dos
ventos
numa praia bem próxima a nós.
Se assim não fosse, nas tardes despretensiosas de novembro,
Eu deitaria em silêncio a cabeça sobre teu abdômen e
lá tardaria até anoitecer, no leve balanço do teu respirar.
Se assim não fosse, aquela flor azul sem cheiro aqui guardada,
permaneceria.
Se assim não fosse, tu correrias para os meus braços sem
titubear,
Largando a silhueta acentuada daquele tonto sem graça.
É! Se amor eterno existisse também nos corações dos
outros
além de que no meu, talvez tudo isso seria
verdadeiro.