quarta-feira, 16 de março de 2016

Meu Portugal


                                                        Pintura de Branco Cardoso




Ah! Que vontade de partir para Portugal!
Lá, certamente há de existir a hospedeira para o amor que levarei daqui.
Lá, há de haver a azinheira que me servirá de viga
para o meu casebre que construirei com pedras da colina.
Certamente por aquelas bandas, há de se encontrar a bisavó da ovelha
que me servirá como vitelo para a formação do meu rebanho.
E ao certo, há de existir as terras escuras e adubos naturais para a minha horta
cuja me proporcionará o tempero pra melhor sopa de toda a Alentejo.
Eu preciso ir para Portugal!
Certamente lá ainda há todas as páginas em branco dos livros que serei.
Todas as flores que colherei para os amores que inventarei,
todas as vielas que me servirá de esconderijos para as dores que amargarei.
Levem-me para Portugal!
Lá, certamente o leite da malhada há de me esquentar o estômago toda manhã,
e a noite, os melhores vinhos domésticos, numa taça de cristal, hão de me esquentar os couros.
E sempre em pares, grandes bolsos hão de guardar os prendedores de roupa
que não prenderam meu coração por aqui.
Hei de ir para Portugal, mas todo amor em mim, certamente levarei daqui...

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