Atendendo o pedido de Machado de Assis em Dom Casmurro, tentei desenvolver o soneto que o autor sugeriu. Posso não ter conseguido a simetria, ou a beleza que ele talvez um dia sonhou. Sei que é muita presunção minha. É possível que eu tenha fugido seu pensamento crente e seguido minhas convicções céticas, no entanto, o criei com a intensidade de minha batalha que ainda se segue.
Soneto causa perdida
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Traz do alto tuas cores ou estranhas tintas
Traz do alto teus amores e prontas rimas
e no branco da vida, versifica tua fuga.
Oh! Flor que foges cândida e pura
nessa fuga cante às rosas, às violetas...
Cante! Espante fagulhas e labaredas
e que elas ecoem tuas poucas lutas.
No início, Flor, há tanto ou nada de mim?
Diferencie fim de início, início de fim.
Oh! Flor do céu! Flor invisível e sacra!
No fim, perde-se ou se ganha tudo?
No fim, resta-nos o passado escuro
e perde-se a vida, ganha-se a batalha.