domingo, 9 de outubro de 2016

Cartas postumas de pessoas cheias de vida


Pedi que meus alunos do 6º ano B, baseando-se no livro Memórias póstumas de Brás Cuba, produzissem um pequeno texto descrevendo o próprio velório. Deixei claro que não levassem pro lado mórbido, que se divertissem; deixe-os livre pra imaginar e que a atividade serviria pra eles apreciarem mais a vida maravilhosa que tinham. Sugiram cada pérola, que eu fiquei arrepiado, emocionado, todos os adjetivos imagináveis. 

O ato de instigar a imaginação, de estimular a criatividade me faz ainda acreditar que o trabalho do professor, pode sim, ser gratificante.
Eis um dos textos da aluna Sophia Fontinele, 11 anos, sem alterações: 

EU ESTOU NO CÉU Por quê? Como? Estou em um velório. O que estou fazendo aqui? Vejo meu corpo, minha família, meus amigos, todos tristes. Senão vou voltar, não poderei fazer o que tinha que fazer. Quê? Estão falando sobre mim: - Sentiremos saudades, mas nunca iremos esquecer dessa pessoa maravilhosa que tivemos em nossa vida. Palavras bonitas. Agora como poderei cuidar da minha irmã? Ela vai ter que se virar sozinha. E relembrando eu não terei mais a chance de fazer algo especial. Não tive a chance de viver uma aventura, não terminei de explorar as coisas do mundo, não viajei por completo, não terminei de ver as maravilhas. Mas já passou, só vou continuar a voar até chegar nas nuvens onde poderei ver Jesus! Adeus, também sentirei saudades. P.S Na saída da escola a vi de mãos dadas com sua irmã menor e não tive como não me emocionar.

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