sábado, 5 de novembro de 2016

Poesia declamada: O idiota





 Eu devo ter sido,  irrefutavelmente, o maior idiota do universo. 
Quão grande babaca eu fui!
Eu escolhi conhecer a vida em vez de vivê-la.
Eu escolhi  pensar, em vez de amar inúmeras vezes.
Mesmo assim, das poucas vezes que amei,
Todo conhecimento que tinha, de nada me foi útil.
Eu devo ter sido o maior idiota do universo;
 Um tolo, que se achava maior que todos
 e não passava das vísceras daqueles que não refletiam.
Meros espirros daqueles que viviam.
Eu, como o maior idiota do universo,
não fui nada.
Pensei que estava destinado a grandes coisas
e neguei-me a chance de ser  pequeno, assim como tantos.
Não atentei  que aqueles, cujos viver bastava,
que respirar bastava,  
com apenas algumas aspirações adequada a sua realidade,
 eram a regra e, eu,  a exceção.

Eu devo ter sido, irrefutavelmente, o maior idiota do universo.
O maior tolo do mundo.
Minhas convicções não me levaram a lugar algum.
minhas opiniões, cujo acreditei que mudariam o mundo,
não mudaram nem a direção do sopro
 de um escravo a beira da morte;
chicoteado, ele soprava rumo ao fim
e eu não pude mudar a direção do seu sopro.
Não queria também ser escravo,
 e por  esta grande idiotice, nada fui:
Não cacei, com os príncipes, codornas gordas,
Não busquei em florestas perdizes perdidos
e, por não querer ser escravo, nada fui.
Quão idiota eu fui!
Não quis ser da orquestra o limpador dos instrumentos.
Que mais poderia querer eu, se não sei tocar instrumento algum?
Não quis ser em meio a tantos só mais um
E não fui,  entre eles, nem igual a maioria.
Eu, no papel de maior idiota do universo,
não quis usufruir das descobertas de alguns loucos,
Queria, por força, descobrir
um mundo novo.
Tolo que eu fui, se é que eu fui alguma coisa.  
Eu, no papel de maior idiota do universo,
Escolhi ser eu:
um grande idiota, aos olhos da maioria.
Porém, morrerei com a consciência que fui um idiota,
 mas com a certeza que fui eu,  em todos os momentos que não vivi. 
Na linda história da minha vida, eu fui, acima de tudo, feliz. 

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