sexta-feira, 30 de março de 2018

Manhã




Eu ouvia de meu avô que o sol não deve apanhar ninguém honesto dormindo.
Meu avô, viúvo ainda muito jovem, acordava sempre às três da manhã.
Ele mesmo passava o café, tomava, e saia pra trabalhar sempre antes do sol surgir no horizonte.
Ao sair, deixava a porta da frente aberta pra que leiteiro entrasse e tomasse sua xícara de café.
Era como um ritual diário.
Recordo-me de sempre ouvir a voz do leiteiro elogiando o café de meu avô pra si mesmo.
Ele sabia que tinha gente na casa ainda dormindo, pra que não se assustassem, ele elogiava o café pra que reconhecessem sua voz.
Toda gente da casa havia se abtuado as pisadas do leiteiro, a voz...
E sabiam, com o arrastar dos chinelos do leiteiro, que ao levantarem, teriam café e leite fresco pronto.
Era sempre bom acordar na casa de meu avô.
As manhãs tinham cara de vontade, de responsabilidade, mas não minha, e sim dos outros para comigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário